e só. olhar acima e para dentro. tento me mexer aos poucos. o esforço é tão enorme que quase não transparece. um imã saindo de lugar nenhum me puxa como se roubasse minha única possibilidade de sair do lugar. e só. cresço. uma janela? talvez alguém. calma. não. encosto na boca, borboleto com a direita à direita. dedo indicador ao teto. a esquerda com pressa despretensiosa envolve o indicador e retorna com precisão envolve o indicador e retorna com precisão envolve o indicador e retorna com precisão. dois dedos por um milésimo de segundo expostos, então ocultos pelos dois dedos do outro lado tão iguais tão sempre. duas mão juntas como se fossem mergulhar, então voltam para sim, outro mergulho como se pudesse sair, mas bifurcam dedilhando cada uma para o seu lado. a direita em L puxa sem encostar meu rosto para a o outro lugar. fico. a mão como prolongação do antebraço estapeia o ar na altura do quadril esquerdo - se é que quadril são dois - e se ergue rapidamente com palma exposta e dedos colados na altura do rosto à direita, paralelo ao corpo. direita vai à esquerda pra corta o ar e voltar para onde estava. aproximo minha mão que segura um objeto invisível da boca e o ofereço para frente, abaixo de se onde oferecem as coisas a esquerda se aproxima espalhando a posição e apalpo os objetos invisíveis como que circulares e os afastando. os joelhos dos dedos nas mãos fechadas se encontram num centro abaixo do que costuma ser centro como se tivessem impulso de torcer uma roupa ou lixar uma unha ou dançar. os olhos saem de si à esquerda para acompanhar o desenho das mãos. dois dedos colados da direita esfregam numa linha de ida e volta e fim a clavícula direita. À esquerda abaixo mais abaixo do que o abaixo do centro que não costuma ser centro a direita abre e fecha rapidamente 3 ou 4 vezes em forma de tulipa. o indicador direito deitado atravessa a testa sem encostá-la até virar 4 dedos que acabaram de tampar o rosto sem nunca de fato terem o feito e continuar atravessando o que se segue depois para a direita. de repente captura o ar a direita e quase o traz para si, até perceber que a matéria do vento sempre atravessa qualquer possibilidade. meu olhar acompanha esse desenho de gesto e se perde no mesmo vazio do lado de lá. Os dedos direitos se aproximam dos olhos, circundam 18 graus e cascatam até encontrar o braço esquerdo que lhes serve de rampa. O olhar se encontra mais uma vez. Acompanha os dedos que sobem na direção do cotovelo esquerdo e com um tapa impulsionam o cotovelo de volta para o seu eixo e sobem. mais uma vez palmas expostas. mais uma vez dedos colados. mais uma vez altura do rosto. mais uma vez direita. mais uma vez. não. dois dedos esquerdos como se segurassem o primeiro dente que cai do corpo encontram à direita a mão espelhada e dali puxam um fio invisível de maneira circular - meus olhos se encontram e se perdem durante este movimento - mão esquerda cai com uma gravidade menor que a que estamos acostumados enquanto a mão direita começa o retrocesso um caminho que começa -ou termina- na testa. Meus dois dedos protagonistas simulam uma caminhada para a direita lentamente. Rebobinam acelerados. e tornam a pertencer ao mesmo caminho de sempre antes, na direção do imã ou de quem me falta ou do que eu falto em mim. o movimento é lento e termina esgostado. o indicador direito corta a minha garganta. a mão esquerda tem espasmos de aceleração no plano esquerdo baixo. a mão direita tulipa numa linha vertical para cima e para baixo 2 ou 3 vezes acima do peito direito. o indicador direito corta a minha garganta. a mão esquerda tem espasmos de aceleração no plano esquerdo baixo. a mão direita tulipa numa linha vertical para cima e para baixo 2 ou 3 vezes acima do peito direito. o indicador direito corta a minha garganta mas leva a pele quase arrancando e puxando com ela todo o corpo. a mão esquerda turbina o corpo com espasmos à esquerda e acelera minha locomoção. o indicador direito continua cortando todas as minhas gargantas que se seguem e a turbina ridiculamente tenta funcionar. Não há fim. Há parede. Ou não. Mas há.
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