Vamos prosseguir com a nossa cena. Um cenário de uma sala
quase vazia. Serão dez palavras e setenta e dois olhares. Mas você não sempre
diz que não gosta de olhar nos olhos das pessoas? Bom, eu, você e nossos mistérios defasados.
Vou te dizer em silêncio que estão molhados porque caiu um ciúme nos meus
olhos. Ria, foi uma piada desesperada. Você pega meu cigarro e eu bebo do teu
copo. Sabia que dizem que se eu beber do seu copo vou descobrir todos os seus
segredos? Aí eu me levanto da mesa
enquanto você come pra desperdiçar o meu tempo escrevendo no ar coisas que não
quero que você leia. Me dá um tapa, um beijo, um trago, um gole ou qualquer
coisa que me arranque do meu lirismo crônico. Anda, eu já tirei meus óculos.
Tudo bem, vamos deitar. Mas me abraça como se a gente estivesse bem, eu não
aguentaria desperdiçar os braços que são da dimensão exata da minha falta.
O sol já levantou, já é hora de fingir que a rotina é mais
importante que o nosso teatro. E fingir também faz parte do nosso teatro. Estou saindo,
quando a lua tocar o interfone a gente se vê de novo. Um cumprimento mecânico seguidos de três
palavras lindas: obrigado pelo abrigo.
maravilhosa!
ResponderExcluirmeu objetivo de vida é muito maior que esse seu objetivo de cena e sua coerência interna.
ResponderExcluirEu to falando é de dor.
que lindo, bibi.
ResponderExcluirpele, póros...
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