quinta-feira, 29 de março de 2012

Andei ouvindo coisas...

Andei ouvindo umas coisas, e não era coisa boa não. Era coisa que não se diz assim, em qualquer lugar, à qualquer pessoa... Por isso fiquei sério, por isso estou sério hoje. Um burburinho. Ouví barulho de chuva, de cheiro de chuva, e sonhei que a janela estava aberta. Mofo, borrão, gesso e cal. A pressão nos olhos é tão grande que já não enxergo, e caio. Caio da Varanda em cima de alguém. Um desconhecido, graças à Deus. Um menino desconhecido, simples. Há um bando deles. Uma comunidade. Todos me olham. Todos estão sorrindo. Um mais sujo e mais lindo que o outro... A pressão nos olhos deles é ainda maior, mas as pessoas falam tanto que já não me comovo mais. E apesar de toda a fartura, de toda visão de mundo e de tanto discurso, apesar de tudo e de todos, deixo 15 centavos com os garotos e digo que é tudo o que tenho, obrigado. Eles agradeçem, ainda mais felizes. Não me arrependo do valor, graças a Deus.

Ouví dizer que Deus é um cachorro, que homens são cavalos, e que esse ano o mundo acaba. Ouví dizer que música é prazer, que o silêncio não existe e que não posso ficar quieto, tenho que falar, que me colocar. Me impôr. Tenho que cavar o meu espaço, a minha própria cova. Ouví falar de egoísmo, egocentrismo, formol e dor... Não nessa ordem.

Ouví dizer que as coisas fazem ou podem fazer algum sentido e começo a achar que o problema sou eu.

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