Andei pensando muito em tudo o que fica, ou o que escolhemos que fica, ou o que fica que tem que ficar, porque o material se impõe como quase a origem da obra: vocês 4 juntas observando a rua da janela (barulho da rua, silêncio). Então a obra nada mais é do que uma justificativa para existir, já que nada existe anterior à criação da cena? Penso que essa obra tem várias origens, porque até aquilo que parece expor e elucidar um horizonte, e as vezes um conforto de uma forma aparentemente solucionada da cena, que na verdade nada soluciona porque ela facilmente se dilui quando esquecida, quando é surpreendida por outro material. O desespero por encontrar a luz. Tudo é material, e o tempo da sobrevivência é o presente: só existe o que é cena. A obra parece ser tudo isso e nada disso ao mesmo tempo: Abajur, canos, luz, colheita de arroz, britadeira, corpo-objeto, sinal supremo de eu quero falar, eu sinto um cheiro de talco no ar: acho que a prefeitura tá desviando verba. Ventiladores, muitos ventiladores. Parece uma célula trabalhando, um vírus. Organismo vivo apesar de absolutamente programável, parece bonito mas tá doendo. Incapacidade de se locomover na multidão. Ó! Deixa pra lá. Deixa ela falar. O seu problema é não acreditar na ilusão. O problema é que você gosta de musical. O problema é que você é metida a atriz contemporânea. O problema é que você escolheu fazer outro teatro que não o nosso, o problema é que mesmo assim eu entendo. O problema é que não temos nem mais nome. Porque até o nome que parecia ser a explicação e a solução de tudo se esgotou justamente por sua totalidade e distância.
Vazio
O peixe da lâmpada que atrai.
esvazio
eu vejo que eu to no lugar certo, eu não vejo mais nada
pinico!
que delícia!
ResponderExcluiracho que o bê tá desviando material.
desviar é sinônimo de ficcionalizar?
ResponderExcluirtotal.
ResponderExcluirtotal delícia! hahhaa
ResponderExcluirTinha esquecido como esse texto é bom!
ResponderExcluirAcho que também dialoga muito com o que discutimos ontem!
Lembra do nosso primeiro encontro, quando colamos os fragmentos no papel transparente pra que pudessemos escrever por cima e sobrepor materiais?
Acho que essa estrutura se manteve durante o nosso processo... A sobreposição pode parecer esquizofrenia mas não é. Não estamos abandonando tudo, como as vezes parece, mas colando em cima, as vezes quase escondemos o que tem embaixo, mas tudo continua presente, pelo menos como suporte. Estou me sentindo menos no vazio, menos no escuro, menos burra... Talvez seja só uma sensação passageira mas prefiro acreditar que não. E acredito.