O processo de individualização em questão, a partir da ficcionalização ideológica da dispersão e da falta de sentido dicotômico da multidão corresponde a uma possível esquizofrenia urbana generalizada, sem nenhum conhecimento médico, mas por sua falta de diagnóstico, ou múltiplos. A multiplicidade e a dispersão da multidão, o excesso de conhecimento e informação caracterizam uma sociedade possivelmente rizomática que não compõe unidade. No meio do caos o indivíduo não condiz com a dispersão , entra em um processo de individualização, solidão, em que só existe EU em subtração. O processo é de subtração… O corpo-máquina entra em colapso em busca de liberdade. Liberdade é prazer?
É possível estabelecer uma relação entre o que foi dito e o movimento dramatúrgico de alguns personagens criados por mutarelli.
“É preciso fazer o múltiplo, não acrescentando sempre uma dimensão superior, mas ao contrário, de maneira simples, com força de sobriedade, no nível das dimensões de que se dispõe, sempre n-1 (é somente assim que o uno faz parte do múltiplo, estando sempre subtraído dele).” (Deleuze, Guatarri, 1980, p21)
No conto “Janice e o umbigo”, com força de sobriedade Veronika Stingger narra a história de Janice que perde o interesse de se relacionar com o outro depois de ficar “enamorada” de seu umbigo, de o perceber, se perceber. O conto é curto e narra uma única imagem em desenvolvimento: Janice entrando em seu umbigo. Na medida em que se desenvolve, as sucessivas imagens que são criadas pelas palavras se transformam aos poucos em imagens inimagináveis porém concretas, algo como uma forma sem fôrma. Uma imagem sem limite. Uma experiência da linguagem.
O estado de abstração relativiza o sentido das coisas, ou pelo menos o que designa.
“Num rizoma (…) cada traço não remete necessariamente a um traço lingüístico: cadeias semióticas de toda natureza são aí conectadas a modos de codificação muito diversos, cadeias biológicas, políticas, econômicas, etc., colocando em jogo não somente regimes de signos diferentes, mas também estatutos de estados de coisas.” (Deleuze, Guatarri, 1980, p22)
Nenhum comentário:
Postar um comentário