sexta-feira, 1 de junho de 2012

Turritopsis Nutricula



obtido em: www.ville-ge.ch

O padrão da reprodução em hidrozoários, o grupo que inclui Turritopsis nutricula, é o seguinte: Os ovos fecundados passam por um desenvolvimento embrionário que culmina numa larva minúscula e ciliada. Estas larvas encontram um substrato no mar e se fixam, desenvolvendo-se em um pólipo. O pólipo é a segunda fase do desenvolvimento, lembra grosseiramente uma arvorezinha. No que seria seu caule podem formar-se brotos e o pólipo se reproduz assexuadamente, mas nunca ocorre reprodução sexuada. Nas extremidades, porém, formam-se medusas, a forma mais conhecida da água viva parecida com uma tigela de ponta-cabeça e com tentáculos nas bordas. Em biologia define-se como adulto um organismo que produza espermatozóides e óvulos. Nesse caso, a medusa é a forma adulta dos hidrozoários. No interior da dita tigela formam-se gônadas que liberam óvulos e espermatozóide na água do mar. Após o sexo a medusa tem o bom senso de morrer. No mar ocorrerá a fecundação e recomeça o desenvolvimento embrionário e a larva, fechando o ciclo.

ciclo de vida do hidrozoário Obelia obtido em: www.palaeos.com

Turritopsis nutricula faz uma mágica biológica. Depois de liberar seus gametas a medusa reverte seu processo de envelhecimento e retorna para sua forma juvenil. Este processo foi chamado de transdiferenciação e ocorre de forma muito parecida com o envelhecimento normal. Um dos mecanismos mais usados neste processo é a apoptose, um suicídio celular programado. Aparentemente o processo de envelhecer e rejuvenescer pode acontecer ad infinitum, tornando o organismo virtualmente imortal.
A dinâmica das populações depende de quatro fatores principais: nascimentos, mortes, imigrações e emigrações. A primeira e a terceira aumentam as populações, a segunda e a última diminuem. Uma espécie imortal tenderia a uma explosão populacional que a forçaria a emigrar e colonizar novos ambientes. É isso que está acontecendo com Turritopsis nutricula, espalhando-se pelos mares do mundo.
Na verdade, rejuvenescer não deveria ser nada tão difícil. Nossas células carregam o mesmo material genético de todas as células e este não muda, salvo alguns detalhes que não devem interferir no nosso caso, ao longo do tempo. Assim, o DNA da Turritopsis nutricula tem as instruções para produzir tanto a medusa quanto o pólipo. O DNA da borboleta tem as instruções para produzir, não só a borboleta, mas a lagarta. No nosso DNA tem instruções para produzir tanto colágeno, que mantém a pele elástica e sem rugas, aos 80 anos quanto aos 8, estas instruções só não serão lidas. O que Turritopsis faz é voltar a traduzir os genes que codificam para o pólipo e deixar de traduzir os da medusa.
Isto tem carregado uma grande quantidade de pesquisadores a se interessarem por essas medusas numa corrida pelo elixir da juventude. 


No final todos querem saber como retroceder o relógio do tempo.

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