domingo, 29 de julho de 2012
m.
No começo era eu. Ela morreu quase do mesmo tamanho que veio ao mundo. A cor é uma mistura, camada sobre camada. Por alguma razão tem a impressão que se trata de uma mulher. Dirige a mão para a cabeça. Ensurdecedor. Parece imóvel de pé por uns instantes, depois caminha.Como se sangrasse. ... pegasse fogo. você salvaria? o fogo.Conclui que o tempo não é nada além de uma fina camada que se sobrepõe. A risada vai sendo abafada por um zunido. Luta contra seus sentimentos. A idade é impossível calcular. Jovem e velha ao mesmo tempo.Quer dizer tantas coisas.Tenta fazer um carinho. Achou engraçado rir do que não tem saída. Não consegue. Tenta dizer o que compreende, mas não consegue. Continua direcionando a mão. Esforça-se, mas há uma barreira que ele não consegue vencer. Uma mosca contra o para brisa. Imagem borrada, luz difusa. Retorna do transe e percebe o que faz. A carcaça do mesmo homem. Ajeita os cabelos comendo os cantos da parede. Balança a cabeça quase afirmativamente. Seres que parecem ter perdido a humanidade. Nasceu do sangue derramado de Urano. Transpira. Não inventa! Tem que ser história real. As moscas. Sem jeito, quase ri.Cruza as palavras. A textura da parede cinza revela camadas sobre camadas de cores desbotadas. Sensação e ciclos. ...toca em seu braço. Liberta-se do transe. Não consegue respirar. Transpira. Sente o ar entrar. Essa posição fetal. Volta ao teto procurando algo dentro de si. Mastigando um resto de reboco. A pele parece uma espécie de couro. M. está sedado. ... faz carinho em sua cabeça, e sem conseguir se conter começa a chorar. M. está dividido. Se olha no espelho, penteia os cabelos e cai. M. já não sabe no que acredita.Por acaso foi alguma indireta? Se olha no espelho, penteia os cabelos e cai. O que quis dizer com isso? Se olha no espelho, penteia os cabelos e cai. Parece estar em transe. Acho que quando você faz algo que afeta uma pessoa...Você pode estar fazendo... M. se move de forma letárgica. Ele se fixa.Uma vez fixado, agrupa-se. Um rápido calafrio percorre seu corpo. Se é tudo o que é, ou não é ou não há diferença. Como feras que não saberiam definir se se amam ou se matam.Você vive querendo impressionar os outros com o que você acha que sabe, mas eu garanto que você não sabe nada. Era apenas uma maneira de celebrar a natureza. Parece não perceber o que a detém. Persiste. No começo era eu.Chorava escondido. M. não compreende o que fez de seu mundo ruína. Fingia ser forte. Buscando nomear todas as coisas, toda matéria e sensação, o homem formata seu cérebro.
sábado, 28 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
Mostra hifen
http://mostrahifen.blogspot.com.br/
Ucrânia abrindo a programação de ensaios abertos! Vamos quebrar tudo naquele recém reformado Sergio Porto! 3, 4, 5.... Ou 4, 5,6... 66253 7722918 67 3847
Inicio
sexta-feira, 6 de julho de 2012
(clarice olhando pela janela)
V
Céu azul. Cores vivas. Você rindo
de alguma coisa ou alguém que está à esquerda
do fotógrafo. É talvez domingo.
É claro que essa sensação de perda
não está na foto, não- não está na imagem
extremamente, absurdamente nítida.
E se fosse menor a claridade,
ou se estivesse sem foco, ou tremida,
ou se fosse em sépia, ou preto e branco,
talvez a foto não doesse tanto?
Você, às gargalhadas. O motivo
você não lembra. A foto é muito boa.
Naquele tempo você ria à toa,
você lembra. Você ainda era vivo.
Paulo Henriques Britto (EU VI O PAULO!)
Céu azul. Cores vivas. Você rindo
de alguma coisa ou alguém que está à esquerda
do fotógrafo. É talvez domingo.
É claro que essa sensação de perda
não está na foto, não- não está na imagem
extremamente, absurdamente nítida.
E se fosse menor a claridade,
ou se estivesse sem foco, ou tremida,
ou se fosse em sépia, ou preto e branco,
talvez a foto não doesse tanto?
Você, às gargalhadas. O motivo
você não lembra. A foto é muito boa.
Naquele tempo você ria à toa,
você lembra. Você ainda era vivo.
Paulo Henriques Britto (EU VI O PAULO!)
(analu olhando pela janela)
CIRCULAR
Neste mesmo instante, em algum lugar,
alguém está pensando a mesma coisa
que você estava prestes a dizer.
Pois é. Esta não é a primeira vez.
Originalidade não tem vez
neste mundo, nem tempo, nem lugar,
O que você fizer não muda coisa
alguma. Perda de tempo dizer
o que quer que você tenha a dizer.
Mesmo parecendo que desta vez
algo de importante vai ter lugar,
não caia nessa: é sempre a mesma coisa.
Sim. Tanto faz dizer coisa com coisa
ou simplesmente se contradizer.
Melhor calar-se para sempre, em vez
de ficar o tempo todo a alugar
todo mundo, sem sair do lugar,
dizendo sempre, sempre, a mesma coisa
que nunca foi necessário dizer.
Como faz este poema. Talvez
Paulo Henriques Britto (EU VI O PAULO!)
Neste mesmo instante, em algum lugar,
alguém está pensando a mesma coisa
que você estava prestes a dizer.
Pois é. Esta não é a primeira vez.
Originalidade não tem vez
neste mundo, nem tempo, nem lugar,
O que você fizer não muda coisa
alguma. Perda de tempo dizer
o que quer que você tenha a dizer.
Mesmo parecendo que desta vez
algo de importante vai ter lugar,
não caia nessa: é sempre a mesma coisa.
Sim. Tanto faz dizer coisa com coisa
ou simplesmente se contradizer.
Melhor calar-se para sempre, em vez
de ficar o tempo todo a alugar
todo mundo, sem sair do lugar,
dizendo sempre, sempre, a mesma coisa
que nunca foi necessário dizer.
Como faz este poema. Talvez
Paulo Henriques Britto (EU VI O PAULO!)
quarta-feira, 4 de julho de 2012
terça-feira, 3 de julho de 2012
Assinar:
Postagens (Atom)